Defensoria Pública em SP realiza campanhas de orientação para que as gestantes saibam dos seus direitos Muita gente já sofreu mas não sabe o que é. A violência obstétrica consiste em um tipo de agressão praticada por profissionais de saúde contra as parturientes – nome dado às gestantes que estão em trabalho de parto – que pode ser física ou emocional. Caracteriza-se, basicamente, pela apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres por meio de tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos processos naturais, causando a perda da autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos na sexualidade, impactando negativamente na qualidade de vida das mulheres. A violência obstétrica pode ocorrer durante a gestação, durante o parto ou no momento pós-parto. Esse tipo de violência ocorre com frequência nas maternidades, principalmente pela ausência de informações e consentimento da paciente sobre os procedimentos que serão realizados. Pensando nisso, o Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de São Paulo realiza, neste mês da mulher, atividades de orientação jurídica à população, bem como de educação em direitos para debater o assunto da violência obstétrica. Na última segunda-feira (10), defensores públicos estiveram na estação Clínicas do Metrô distribuindo material informativo sobre o tema e oferecendo orientação às mulheres. Confira aqui, na íntegra, o material feito pela Defensoria. Além desta ação, durante todas as sextas-feiras do mês de março haverá oficinas sobre direitos da mulher na assistência ao parto, com apoio de profissionais da área, no atendimento inicial da Defensoria Pública (avenida Liberdade, 32 – centro). O Ministério Público Federal divulgou na última segunda-feira (10), conforme foi mostrado aqui no SpressoSP, a abertura de um inquérito civil público para apurar denúncias de violência obstétrica em hospitais e maternidades da cidade de São Paulo. A investigação será baseadas em denúncias, que apontaram agressões físicas e psicológicas ou ainda procedimentos desrespeitosos e invasivos por parte de profissionais de saúde na rede pública e na rede privada. Entre os procedimentos que podem ser considerados como violência obstétrica estão o corte na região da vagina para facilitar a saída do bebê – prática chamada episiotomia -, a infusão intravenosa para acelerar o trabalho de parto, o uso rotineiro de lavagem intestinal e retirada dos pelos pubianos, a pressão sobre a barriga da parturiente para empurrar o bebê (manobra de Kristeller) e o exame de toque frequente para verificar a dilatação. A prática desrespeitosa pode se dar também no campo psicológico. Denúncias que estão sendo apuradas pelo MPF revelam que são comuns os relatos de xingamentos e humilhações por parte dos profissionais de saúde, que chegam a dizer frases como “se você não parar de gritar, eu não vou mais te atender”, “na hora de fazer não gritou”, além de outras do gênero. “A violência obstétrica ainda é muito pouca tratada e discutida pela sociedade. Por vezes, muitas mulheres desconhecem que são vítimas destas situações. Nosso maior objetivo é informar as mulheres sobre quais são seus direitos antes, durante e após o parto. É importante que a mulher entenda se sofreu alguma violência, que denuncie o abuso e busque seus direitos”, afirmou a defensora pública Ana Paula Meirelles, coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher. Mobilização Online Para debater o problema e também conscientizar as mulheres em relação à violência obstétrica, a fotógrafa Carla Raiter e a produtora cultural Caroline Ferreira criaram um projeto fotográfico chamado 1:4 – Retratos da Violência Obstétrica, em que mulheres que passaram por algum tipo de agressão ou violação por parte dos profissionais de saúde são fotografadas com o intuito de “materializar as marcas invisíveis deixadas por esse tipo de violência”. O objetivo das organizadoras do projeto, que defendem o parto humanizado, é o de trazer à luz uma reflexão sobre a condição do nascimento no Brasil e as intervenções desnecessárias que ocorrem no momento do parto. Confira abaixo algumas fotos do projeto com os relatos de mulheres que passaram por violência obstétrica:
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Fonte: SpressoSP
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