Ministra da Mulher, Cida Gonçalves, citou dados sobre reprodução de misoginia nas redes
A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, afirmou nesta quarta-feira (10) que é preciso encontrar formas de evitar que produtores de conteúdo lucrem com a disseminação do ódio contra as mulheres nas plataformas digitais. A ministra participou de audiência na Comissão dos Direitos da Mulher, na Câmara.
Em sua apresentação, a ministra citou dados que apontam que a misoginia na internet é reproduzida por mais de 80 canais no Youtube e 20 perfis no TikTok, somando quase 8 milhões de seguidores e mais de meio bilhão de visualizações.
“Eu acredito que a questão de você pensar dentro da perspectiva de uma rede social, acho que não só uma legislação, precisamos evitar a monetização do ódio contra as mulheres. Esse é o debate. Nós precisamos fazer com que eles não tenham lucro”, disse a ministra.
“Eles não podem lucrar em cima do ódio que estão pregando contra nós mulheres, não podem lucrar em cima de cada mulher morta, não podem lucrar em cima de cada violação sexual que meninas e mulheres estão sofrendo. Isso nós precisamos pensar em uma legislação que não permita isso”, acrescentou a ministra.
Ao comentar a estatística apresentada pela ministra, a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) disse que é preciso discutir a questão dentro do projeto de lei que propõe a responsabilização de plataformas pela divulgação de conteúdos falsos ou até mesmo em um texto específico.
Aborto
Questionada sobre sua posição em relação ao aborto, a ministra disse que o tema é discutido no Congresso e não cabe ao ministério definir a questão.
“Não vamos nos negar a cumprir a legislação decidida por essa casa. Não cabe a mim como ministra das mulheres definir este tipo de coisa. A mim não cabe dar opinião sobre assunto que essa casa está tramitando”, disse.
Em sua exposição, a ministra abordou alguns dados do ministério a respeito da violência praticada contra as mulheres e a luta por igualdade no mercado de trabalho:
- casos de feminicídio cresceram 5% em relação a 2021
- todas as formas de violência contra a mulher aumentaram em 2022
- 40% das mulheres recebem até um salário-mínimo
- mulheres são 54% das pessoas desocupadas e 49% estão na informalidade
- 33% das mulheres negras estavam abaixo da linha da pobreza antes da pandemia
- uma brasileira recebe 22% a menos do que um homem e mulheres negras menos da metade dos homens branco
- se aumentar inserção das mulheres no mercado de trabalho em um quarto até 2025 economia poderá ter expansão de R$ 382 bilhões
- 44% das candidatas nas eleições municipais em 2022 foram vítimas de violência política;
- Distribuição de 270 patrulhas Maria da Penha
- programa de proteção e promoção da saúde menstrual
- Retomada do programa mulher viver sem violência: construção de 40 casas da mulher brasileira
- 8% de contratação de mulheres vítimas de violência nas licitações do governo