Um dia depois de o Tesouro americano vender as últimas ações que ainda tinha da General Motors, a montadora anunciou ontem que Mary Barra assumirá seu comando no dia 15 de janeiro, tomando-se a primeira mulher na direção de uma companhia automotiva americana, um universo tradicionalmente dominado por homens. Filha de um operário da GM, Mary assumirá uma empresa que registra lucros há 15 trimestres consecutivos e as ações tiveram valorização de 60% nos últimos 12 meses. De janeiro a novembro, a companhia vendeu 2,56 milhões de unidades nos Estados Unidos, alta de 8,8% sobre igual período de 2012 e patamar próximo ao registrado no período pré-crise. A futura CEO da maior fabricante de carros americana começou a trabalhar na empresa há 33 anos e ascendeu ocupando uma série de posições nas áreas de engenharia, produção e direção. Há dois anos, ela é vice-presidente global para desenvolvimento de produção. Em agosto, ela foi nomeada vicei presidente-executiva e passou ; a também ser responsável pela rede mundial de compras e suprimentos da GM. Dificuldades. A empresa encerrou anteontem o mais difícil capítulo de sua história, marcado pela concordata de 2009 e uma injeção de recursos públicos de JS$ 49,5 bilhões, que deu ao Tesouro americano fatia de 61% em seu capital e lhe valeu o apelido de “Government Motors”. A fatia foi gradualmente reduzida a partir de novembro de 2010, quando a companhia fez uma oferta pública de ações depois de sua reestruturação. Restavam 2,2%, dos quais o Tesouro se desfez na segunda. Os contribuintes perderam US$ 10 bilhões dos US$ 49,5bilhões injetados na montadora. “Com a venda final das ações da GM, esse capítulo importante da história de nossa nação agora está fechado”, declarou o secretário do Tesouro, Jacob Lew. No total, o governo destinou US$ 80 bilhões para salvar a GM, a Chrysler e seus fornecedores. O prejuízo com o socorro à Chrysler é estimado em US$1,9 bilhão. Logo após o anúncio do Tesouro, o presidente Barack Obama divulgou nota na justificando a necessidade da ajuda, ressaltando que o setor criou 372 mil empregos desde a crise. “A indústria automotiva americana está de volta”, afirmou. Estudo do Center for Automotive Research concluiu que o fechamento das duas montadoras seria devastador para a economia dos EUA Segundo a entidade, o resgate do governo evitou a perda de 2,6 milhões de empregos e garantiu receitas de impostos e taxas de US$ 105,3 bilhões em 2009 e 2010. O resgate também impediu que cerca de 600 mil aposentados das duas montadoras tivessem seus benefícios reduzidos ou extintos, apontou o estudo. No Brasil, a GM já teve duas mulheres no comando: Denise Johnson, que ficou oito meses no posto até deixar a companhia, em 2011. Já Grace Lieblein ficou 15 meses no cargo e foi promovida para um posto na sede. |
Fonte: O Estado de São Paulo
|