Os rumos da economia brasileira, em termos de crescimento econômico e inflação, têm forte impacto na vida de todo o povo, inclusive por interferir na elaboração do orçamento público. Segundo o IPEA (2013), a atividade econômica brasileira encontra-se em um processo de recuperação cíclica. O PIB registrou taxas de variação crescentemente positivas nos últimos três trimestres de 2012, na série dessazonalizada, após um movi¬mento de desaceleração que se iniciou no segundo semestre de 2010. Essa é uma boa notícia, mas para que faça diferença na vida das mulheres e homens em situação de pobreza e de maior vulnerabilidade social, é preciso que sejam intensificadas as políticas públicas de redistribuição dessa riqueza socialmente produzida e as políticas que enfrentem de fato as desigualdades em suas várias dimensões. Em 2012, o PIB brasileiro cresceu apenas 0,9%. No Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014 (PLDO), o governo apresenta uma expectativa de trajetória de crescimento real do PIB de 3,5% em 2013 e 4,5% em 2014, bem abaixo do previsto na LDO/2013, respectivamente 5,5% e 6%. A previsão do Banco Central é de apenas 3,1% em 2013, enquanto a previsão do mercado é ainda mais baixa, 3% em 2013 e 3,5% em 2014 . Mercado de trabalho Com relação ao mercado de trabalho, observa-se que, apesar da desaceleração verificada na atividade econômica, até o inicio de 2013 não houve impactos significativos. É apresentada uma taxa de desemprego em queda contínua, com mínimo histórico em 2012 (5,5%), que manteve-se estável nos dois primeiros meses de 2013. Quanto à inserção feminina no mercado de trabalho, segundo análise do Dieese (2013) em sete regiões metropolitanas, em 2012, os resultados foram mais favoráveis, com o acréscimo de 216 mil trabalhadoras à parcela de mulheres ocupadas, além da redução do número de desempregadas (-5 mil). Mas, apesar de levemente positivo, as mudanças não afetam a inserção ocupacional desigual entre homens e mulheres. As mulheres continuam a estar em menor proporção entre os ocupados e são a maioria dos desempregados . Controle inflacionário O controle inflacionário é outro elemento que merece atenção. A população mais pobre é a mais afetada e não conta com mecanismos de defesa de seu pouco poder aquisitivo. No contexto de aceleração inflacionária vivida nos últimos meses, a previsão governamental de inflação medida pelo IPCA para 2013 é de 5,2% e estabilidade em 4,5% de 2014 a 2016. O debate acerca de qual política fiscal e monetária adotar nesse contexto de crise internacional evidencia o jogo de forças políticas e econômicas presentes. Do lado mais forte estão os adeptos do receituário do Fundo Monetário Internacional (FMI), que exigem redução de gastos públicos, especialmente dos investimentos da área social, além da adoção de uma política monetária restritiva, com elevação das taxas de juros. Tal política vem sendo adotada por vários países europeus, gerando custos sociais elevadíssimos para toda a população, com altas taxas de desemprego, perda de direitos sociais e previdenciários. Célia Vieira – Economista e consultora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) Anterior: O que a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem a ver com vida das mulheres? |
Fonte: CFEMEA
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