A Secretaria de Mulheres do PSB vem a público, enojada e estupefata, repudiar a fala do presidente Jair Bolsonaro direcionada ao presidente da Ordem dos Advogados (OAB), Felipe Santa Cruz, proferida nesta segunda, 29 de julho.
Durante entrevista, Bolsonaro fez cínica chacota com o pai de Felipe, Fernando Santa Cruz, desaparecido em 22 de fevereiro de 1974 e morto pelo DOI-CODI, no Rio de Janeiro “Se o presidente da OAB quiser saber como o pai dele desapareceu no período militar, eu conto”.
Não satisfeito com a atuação da OAB no caso de Adélio Bispo, autor da facada ao então candidato à Presidência, Bolsonaro questionou a finalidade do órgão: “Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB?”, no entanto, quando Adélio foi considerado inimputável por transtorno mental, Bolsonaro não recorreu da decisão.
Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro flerta despudoradamente com os sangrentos rastros que a ditadura de 1964 deixou.
O presidente eleito por um processo democrático – democracia essa, que foi resultado de muita luta contra o regime militar – ao votar pelo ilegítimo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, achou que tivesse o direito de prestar homenagem ao torturador Carlos Brilhante Ustra.
Prestamos nossas sinceras condolências a Felipe Santa Cruz e à sua família, na memória de sua avó, Dona Elzita Santa Cruz, que faleceu em junho desde ano, aos 105 anos , sem deixar de lutar um dia sequer, pela verdade sobre o assassinato e desaparecimento de seu filho Fernando Santa Cruz, covardemente tomado por um regime que destruiu milhares de famílias e que, até hoje, sofrem com o hiato da história.
É inaceitável que alguém eleito democraticamente para o cargo de presidente, mesmo que, internamente, aprove a tortura e comungue com as aberrações e atrocidades cometidas pelo governo totalitário daquela época e que sofreu tanto com esse regime, não se sinta constrangido em elogiar tal barbárie.
Essas declarações do presidente merecem interpelação judicial, pois enojam, estarrecem, chocam e causam terror à população, por demonstrar seu caráter doentio e seu desrespeito à Justiça e aos Direitos Humanos garantidos na Constituição e, que ele, deveria ser seu maior guardião.