A secretária nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires, recebeu, no dia 24, quinta-feira, integrantes da Coordenação Socialista Latino-Americana de Mulheres, Gênero e Igualdade (CSL-MGI), em Brasília, para discutir possíveis ações que barrem os vigentes retrocessos na agenda feminista.
Além de Dora, estiveram presentes a deputada do Partido Socialista do Equador e vice-presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Silvia Salgado, a dirigente do Partido da Revolução Democrática (PRD) do México, Rogelia González Luis, e a assessora de relações internacionais do PSB, Yara Gouvêa.
As socialistas discutiram temáticas fundamentais de gênero, reafirmando a importância da agenda feminista em ações sociais na América Latina e declararam: “a temática de gênero é transversal”.
Na reunião, as mulheres defenderam a necessidade de se pautar temas específicos para lutar em 2019: violência, paridade política, descaso dos partidos em geral com a capacitação política das mulheres, direitos reprodutivos, saúde da mulher e aborto. Discutiram, ainda, os perigos de se ter como presidente alguém que claramente se posiciona contrário aos direitos e pautas feministas.
Para Silvia Salgado, as mulheres precisam estar em todos os espaços. Em relação ao aborto, ela desabafa que “as mulheres estão divididas entre abortistas e as pró-vida. E as mulheres da esquerda são vistas como contra a vida, sendo que nós sempre a defendemos. Mas uma vida com dignidade, com liberdade para decidir, para viver melhor. Infelizmente, acabamos ficando mal vistas aos olhos do mundo”.
Dora Pires afirmou ser necessário que as mulheres se unam para combater os eminentes retrocessos causados por este governo de extrema-direita. “Esta guinada à direita que o presidente quer que aconteça na América Latina precisa ser barrada. E nós vamos criar uma condição de enfrentamento e reação a isso”.
Questionadas sobre a importância da unidade das representantes socialistas para as mulheres, Salgado, do Equador, garante: “os problemas das mulheres não têm nacionalidade. São os mesmos. Mas, na América Latina, esses problemas têm suas especificidades. Há questões em nossos países em relação a quem nos preside. Não apresentam políticas em favor do direito das mulheres, como é especificamente o caso do Brasil. Quando seu presidente anuncia que os direitos das mulheres com ele “não vão” [sic] ou serão extintos. Ou fará todo o possível para acabar com eles. Isso nos preocupa. Também há as coincidências com outros presidentes de outros países que apresentam mensagens semelhantes e que põem em perigo os direitos das mulheres. Não escutávamos, há anos, declarações como estas, a não ser nos tempos do fascismo, no tempo das ditaduras. Então, essas são as razões para a unidade das mulheres na América Latina.”
Já Rogélia González explica que em seu país, o México, as mulheres querem a legalização do aborto, o fim da violência política e que não se tire a vida de uma única mulher por feminicídio. Por isso, a articulação das mulheres é fundamental. “É muito importante haver as alianças em todo o mundo, e, creio que nesta visita, fortalecemos a articulação para que mais mulheres possam construir um mundo diferente, onde não haja violência e nem um só retrocesso em nossos direitos.”